CANYON GUARTELÁ
"... e
como não se sentirá o homem pequeno diante desta gigantesca majestade esmagadora.
E como se furtará ele de ser orgulhoso quando se lembrar que basta um aceno
de sua mão para destruir toda esta obra de uma quase eternidade". |
Alberto Loefgren |
O QUE É UM CANYON
Produto das movimentações geológicas do planeta, um Canyon se forma, basicamente, porque a erosão vertical é superior à horizontal formando uma espécie de vale profundo, escavado por rios e cercados por paredes abruptas.
O termo Cânion foi emprestado do espanhol do México e da faixa do Pacífico incorporada aos Estados Unidos. No Brasil, usa-se também o termo "canhão".
ASPECTOS GEOGRÁFICOS
O Guartelá pertence
à região dos Campos Gerais, primitivamente chamado Campos de São João
ou Passagem de São João. Situado entre os rios Iapó e Tibagi até alcançar
a região do Rio Pitangui.
Está encravada na escarpa que separa o primeiro do segundo planalto paranaense, na região denominada "escarpa devoniana".O Guartelá tem 40 Km de extensão aproximadamente, abertura máxima de um quilômetro e as escarpas tem entre 100 e 130 metros de abertura, sendo considerado o 6º maior Canyon do mundo em extensão e o 1º do Brasil. |
Quanto à temperatura da região, ela varia entre 17° (mínima) e 30º (máxima) no verão, e 5° (mínima) e 22° (máxima) no inverno.
Segundo alguns pesquisadores, há quase 400 milhões de anos, a região foi coberta por uma geleira e depois se transformou num antigo oceano. Para outros, a formação do Canyon foi pluvial e não marina. Nenhuma das duas formações são confirmadas cientificamente.
ORIGEM DO NOME
Guartelá pertence a um bairro de Tibagi. O cânion na verdade deveria se chamar "Cânion do rio Iapó", uma vez que é cortado por este rio. Como sua maior parte está no bairro, acabou recebendo o nome de Guartelá.
A origem do nome ainda hoje é incerta. A versão mais aceita pelos pesquisadores narra um ataque dos índios à região. O local era povoado por gado descendente das criações trazidas de Portugal por Martim Afonso de Souza.
Com o gado chegaram vários criadores, que ergueram suas casas. Os novos habitantes não sabiam que os índios costumavam caçar na região durante o verão. A estação chegou e os índios se surpreenderam com a quantidade de gado - que para eles se tratavam de bichos selvagens como veado ou paca. Como os nativos acreditavam que os animais pertenciam a que os caçasse resolveram levar o gado mesmo com a resistência dos criadores. Organizou-se então um grande ataque.
Um fazendeiro resolveu avisar o vizinho, mandando um recado para outro através de um escravo. "Guarda-te lá que aqui bem fico", o recado chegou como Guartelá aqui Benfica, dando origem ao Guartelá e a Fazenda Benfica, localizada à margem esquerda do rio Tibagi.
FAUNA E FLORA
Nas áreas de altitude, a vegetação se caracteriza por campos nativos ou estepe de gramíneas baixas, consideradas as formações florísticas mais antigas do estado. Biólogos já encontraram na região espécies de plantas só vistas em lugares distintos: samambaias e xaxins típicos da mata atlântica, cactos encontrados na caatinga e imbira e Cambuí que foram à vegetação de banhados. No Guartelá está ainda a área de serrado mais ao sul do continente, característica própria da região Centro-Oeste do Brasil. Entre as principais espécies estão a Araucária, o pessegueiro-bravo, o angico, a copaíba, o barbatimão, o marmeleiro, o ipê amarelo, o cedro e a erva-mate. Tem ainda orquídeas, bromélias, cactos, a carqueja, o jerivá e o xaxim.
A diversidade de fauna também é muito grande, mas há ainda locais completamente virgens que escondem muitos animais. Há quem diga que já viu macaco, onça, lontra, veado, etc. Tudo isso num mesmo ecossistema. Mas os animais mais encontrados são os bugios, a jaguatirica, o veado, o urubu-rei, o gavião pombo, a seriema, a paca, a capivara, o lagarto, a jararaca, tamanduás-mirins, tatus.
HABITANTES DA REGIÃO
Há mais de dois mil anos tribos de índios Tupi-Guaranis e Jes viviam nos Campos Gerais, região central do Paraná. Tiravam da mata a caça e dos rios o peixe, necessário a sua sobrevivência. Os primeiros, segundo historiadores, viviam próximos dos rios, tinham conhecimento de navegação e construíam ocas, além de cultivar a terra com milho, mandioca, batata doce, algodão e fumo. Os Jes, menos desenvolvidos, preferiam viver quase que exclusivamente da caça e da coleta de raízes no interior. Foram estas tribos, no Paraná, responsáveis por boa parte dos costumes hoje praticados, principalmente no que diz respeito à linguagem. Nomes como Tibagi, Iapó, Paraná, Curitiba são do tempo em que eles viviam por estas terras. |
O vale do rio Iapó,
um destes lugares onde a fartura de alimentos e a geografia, útil como morada.
Ali deixaram suas marcas em pinturas nas paredes de pedra do cânion.
As pinturas mostram cena de caça e de outros hábitos que faziam parte do cotidiano dos antecessores índios.
A vida dos índios seguiu tranqüilamente na região do Guartelá, até o período do descobrimento do Brasil. Logo depois, em 1525, chegaram os primeiros portugueses liderados por Aleixo Garcia, que seguiam viagem e em seguida alguns colonizadores, também portugueses, apesar do cânion, na época, ser área de domínio da Espanha. Em 1609 vieram às missões jesuítas espanholas para "domar" e catequizar os índios. Por fim, chegaram os garimpeiros em busca de ouro e diamantes e ainda, os bandeirantes e caçadores de escravos. Os índios, que já haviam perdido a alma e a identidade, agora morriam aos milhares (feitos de escravos).
Os segundos moradores da região foram os portugueses e espanhóis que se dedicaram a agricultura.
Por meio de herança, casamento e venda, muitos nomes de fazendeiros passaram a ter outra origem que a dos primeiros povoadores.
A maior parte dos proprietários atuais das fazendas reside nas cidades de Tibagi, Castro, Ponta Grossa, ou mesmo Curitiba, permanecendo na fazenda e administrando o dia a dia o capataz. Em algumas apesar da mecanização, energia elétrica, televisão, geladeira, muitos dos costumes dos ancestrais são mantidos na sua autenticidade e simplicidade.
A faixa de terra próxima ao rio Iapó é, em grande parte, construída por terreno mais acidentado, solo arenoso e com freqüente afloramento de arenito. Nessa faixa de terra, principalmente no chamado Guartelá de cima, poucas áreas são agricultáveis e nela têm suas propriedades ou ainda mais autênticos Guartelanos. São descendentes de tropeiros, que foram se fixando na região em meados do século XIX, conseguindo posse de pequenas áreas.
A LENDA DO CANYON DO RIO IAPÓ
Há muitos anos atrás, habitavam nesta região duas tribos inimigas, em uma delas vivia Potiraré, uma bela virgem, com os cabelos negros como o breu, de olhos brilhantes como os cristais e de pele macia como as nuvens, que havia sido prometida por seu pai, o cacique Iapó ao Deus Tupã, em troca de muita caça e pesca.
Na outra tribo, vivia Itamuru, um jovem guerreiro, rápido como um raio e forte como um trovão, destinado a ser o grande líder de sua tribo, guiado pelo espírito da floresta, que se apresenta sempre que se bate uma foto de algum lago com árvores à margem.
Um dia, Potiraré, banhando-se nas águas de uma bela fonte, foi surpreendida pelo jovem guerreiro Itamuru que num primeiro momento tentou assassina-la, sabendo que se tratava de uma inimiga.
Porém, ao apontar sua flecha entre os olhos da inimiga, sentiu-se fragilizado diante de tanta beleza e, naquela fonte, surgiu um grande amor.
Seu pai, o cacique Iapó, prevendo o relacionamento proibido de sua filha, que irritaria o Deus Tupã, trancou-a na gruta da pedra ume e disse: Guarda-te-lá, que lá ele bem fica.
Inconformado com a triste separação, o jovem Itamuru reuniu seus melhores guerreiros e partiu para a batalha, a fim de libertar sua amada.
O Deus Tupã, sabendo do ataque, lançou um forte raio para impedir o avanço dos guerreiros, abrindo a terra ao meio e fazendo com que violentas águas não permitissem a passagem dos índios.
Somente o guerreiro Itamuru conseguiu vencer os abismos e as corredeiras, fugindo com sua amada.
A revolta do Deus Tupã foi tão grande que o mesmo lançou outro raio, o qual petrificou o jovem Itamuru.
Potiraré, ao ver seu amado estendido e petrificado, chorou por muitas luas, até que suas lágrimas formassem uma enorme cachoeira, que de tão intensa, atravessou o corpo petrificado de seu amado, o qual permanece até hoje, como se estivesse a acalmar a força das lágrimas da amada, permanecendo em um eterno afago entre a água e a pedra.
E o cacique Iapó, com remorso por ter impedido tão intensa paixão, atirou-se às corredeiras do rio que lá passava, desaparecendo para sempre, ficando apenas seu nome para identificar o rio...Rio Iapó.
Autores:Gilson (Kiko) Proença, Professor; Adriana, Ana, Helmari, Cristian, Lucianna, Ivanor, Beto, Junilia, Velci, Walidir, Rosana, Lindair, Alunos do curso de guia de turismo especializado em atrativo natural do SENAC de Castro.
As pinturas mostram cena de caça e de outros hábitos que faziam parte do cotidiano dos antecessores índios.
A vida dos índios seguiu tranqüilamente na região do Guartelá, até o período do descobrimento do Brasil. Logo depois, em 1525, chegaram os primeiros portugueses liderados por Aleixo Garcia, que seguiam viagem e em seguida alguns colonizadores, também portugueses, apesar do cânion, na época, ser área de domínio da Espanha. Em 1609 vieram às missões jesuítas espanholas para "domar" e catequizar os índios. Por fim, chegaram os garimpeiros em busca de ouro e diamantes e ainda, os bandeirantes e caçadores de escravos. Os índios, que já haviam perdido a alma e a identidade, agora morriam aos milhares (feitos de escravos).
Os segundos moradores da região foram os portugueses e espanhóis que se dedicaram a agricultura.
Por meio de herança, casamento e venda, muitos nomes de fazendeiros passaram a ter outra origem que a dos primeiros povoadores.
A maior parte dos proprietários atuais das fazendas reside nas cidades de Tibagi, Castro, Ponta Grossa, ou mesmo Curitiba, permanecendo na fazenda e administrando o dia a dia o capataz. Em algumas apesar da mecanização, energia elétrica, televisão, geladeira, muitos dos costumes dos ancestrais são mantidos na sua autenticidade e simplicidade.
A faixa de terra próxima ao rio Iapó é, em grande parte, construída por terreno mais acidentado, solo arenoso e com freqüente afloramento de arenito. Nessa faixa de terra, principalmente no chamado Guartelá de cima, poucas áreas são agricultáveis e nela têm suas propriedades ou ainda mais autênticos Guartelanos. São descendentes de tropeiros, que foram se fixando na região em meados do século XIX, conseguindo posse de pequenas áreas.
A LENDA DO CANYON DO RIO IAPÓ
Há muitos anos atrás, habitavam nesta região duas tribos inimigas, em uma delas vivia Potiraré, uma bela virgem, com os cabelos negros como o breu, de olhos brilhantes como os cristais e de pele macia como as nuvens, que havia sido prometida por seu pai, o cacique Iapó ao Deus Tupã, em troca de muita caça e pesca.
Na outra tribo, vivia Itamuru, um jovem guerreiro, rápido como um raio e forte como um trovão, destinado a ser o grande líder de sua tribo, guiado pelo espírito da floresta, que se apresenta sempre que se bate uma foto de algum lago com árvores à margem.
Um dia, Potiraré, banhando-se nas águas de uma bela fonte, foi surpreendida pelo jovem guerreiro Itamuru que num primeiro momento tentou assassina-la, sabendo que se tratava de uma inimiga.
Porém, ao apontar sua flecha entre os olhos da inimiga, sentiu-se fragilizado diante de tanta beleza e, naquela fonte, surgiu um grande amor.
Seu pai, o cacique Iapó, prevendo o relacionamento proibido de sua filha, que irritaria o Deus Tupã, trancou-a na gruta da pedra ume e disse: Guarda-te-lá, que lá ele bem fica.
Inconformado com a triste separação, o jovem Itamuru reuniu seus melhores guerreiros e partiu para a batalha, a fim de libertar sua amada.
O Deus Tupã, sabendo do ataque, lançou um forte raio para impedir o avanço dos guerreiros, abrindo a terra ao meio e fazendo com que violentas águas não permitissem a passagem dos índios.
Somente o guerreiro Itamuru conseguiu vencer os abismos e as corredeiras, fugindo com sua amada.
A revolta do Deus Tupã foi tão grande que o mesmo lançou outro raio, o qual petrificou o jovem Itamuru.
Potiraré, ao ver seu amado estendido e petrificado, chorou por muitas luas, até que suas lágrimas formassem uma enorme cachoeira, que de tão intensa, atravessou o corpo petrificado de seu amado, o qual permanece até hoje, como se estivesse a acalmar a força das lágrimas da amada, permanecendo em um eterno afago entre a água e a pedra.
E o cacique Iapó, com remorso por ter impedido tão intensa paixão, atirou-se às corredeiras do rio que lá passava, desaparecendo para sempre, ficando apenas seu nome para identificar o rio...Rio Iapó.
Autores:Gilson (Kiko) Proença, Professor; Adriana, Ana, Helmari, Cristian, Lucianna, Ivanor, Beto, Junilia, Velci, Walidir, Rosana, Lindair, Alunos do curso de guia de turismo especializado em atrativo natural do SENAC de Castro.
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