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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Chapada Diamantina

A cidade da Chapada Diamantina onde o ex-Led Zeppelin Jimmy Page passava férias

  • Lençóis é a base ideal para explorar a Chapada Diamantina, com boa infraestrutura de hotéis e restaurantes
  • O guitarrista do Lez Zeppelin tinha casa na cidade

Fernanda Dutra (Email · Facebook · Twitter)
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A ponte sobre o Rio Lençóis, que leva ao centro da cidade
Foto: Fernanda Dutra / O GLOBO
A ponte sobre o Rio Lençóis, que leva ao centro da cidade Fernanda Dutra / O GLOBO
LENÇÓIS - As ruas de pedras, pontilhadas de casarões coloridos bem conservados, em Lençóis, evocam o passado rico do garimpo e o presente próspero garantido pelo turismo. Fundada em 1844, Lençóis até hoje é considerada a capital da Chapada Diamantina, mantendo a maior rede de hotéis, lojas, restaurantes e agências de turismo da região. Em 2008, o Centro Histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passou por obras que renovaram o passeio à beira do Rio Lençóis e prédios históricos. A charmosa cidade tem ainda uma programação de eventos movimentada, lotando no São João e no Festival de Inverno (que, diferente do que se pode pensar, ocorre em outubro).
Quem dormir até tarde, porém, vai perder uma das atrações gastronômicas mais deliciosas da cidade. Começa às 7h o café da manhã da pousada do Alcino e é difícil levantar em menos de uma hora dali. O próprio dono serve e apresenta os pratos, como creme de mangaba com o mel orgânico local, bolinhos de estudante (tapioca frita com açúcar e canela), mini-bruschettas, pães, bolos e geleias, tudo caseiro, sucos e frutas. Quem já provou e registrou sua aprovação no livro de visitas foi o ex-guitarrista do Led Zeppelin, Jimmy Page. Em sua primeira vez em Lençóis, Page ficou no casarão amarelo original de 1890 reformado por Alcino.
- Isso foi em 1995. Page tinha visto uma foto do Morro do Pai Inácio na casa dos pais da esposa dele, a argentina Jimena, em Buenos Aires. Depois, ele voltou muitas vezes para ficar com Jimena na casa deles, mas sempre foi muito discreto ao falar sobre a carreira - conta Alcino. - Por sugestão dele, comecei a servir ovos mexidos com pimenta.
Depois de um café da manhã reforçado, reserve-se para um jantar no Cozinha Aberta, adepto da slow food. A chef Deborah Doitschinoff usa de forma curiosa os ingredientes locais: uma das entradas, por exemplo, combina a batata-da-serra, espécie selvagem encontrada na Chapada, servida em conserva com castanhas de licuri, típicas da caatinga.
Para provar um prato típico da região, recorra ao restaurante do hotel mais antigo da cidade, o Hotel de Lençóis. Antes de saírem para as lavras, os garimpeiros se fortaleciam com o godó de banana, ensopado de carne de sol e banana verde, acompanhado de arroz e farofa.
O Hotel de Lençóis fica num terreno alto da cidade, no Centro, com apartamentos espalhados em uma área verde. Outra boa opção de hospedagem é o Hotel Portal Lençóis, um dos maiores da cidade, com piscina grande. O único membro da associação Roteiros de Charme é o Canto das Águas, com apartamentos que dão vista para o jardim ou para o Rio Lençóis.
Vale levar para casa os cafés gourmets de Lençóis. Dois se destacam: o Terroir e o Piatã. É fácil encontrar pacotes à venda, por preços entre R$ 16 e R$ 25, em lojas como a Dois Irmãos, boa parada também pelos artigos esportivos, como mochilas e cajados.
Passeios. Lendas e grutas azuis
Muitos dos passeios pelos arredores de Lençóis exigem menos dos turistas e são acessíveis às crianças. Para os pequenos, já seria uma aventura subir o Morro do Pai Inácio, a 25 km de Lençóis - programa imperdível, principalmente no fim da tarde. Não é necessário contratar guia nesse passeio, pois a trilha é bem demarcada. Dependendo do seu ritmo, a subida íngreme pode ser feita entre 15 e 30 minutos, passando por bromélias e rochas sedimentares avermelhadas. O morro tem 250 metros de altura, em relação à estrada. Como fica no extremo norte da Chapada, fora do parque nacional, o Pai Inácio permite uma bela vista dos paredões da Serra do Sincorá. O mais curioso talvez seja o solitário Morro do Camelo, também conhecido por Calombí. Com um pouco de abstração, é fácil entender esse nome. Já o Pai Inácio exige uma explicação. Cada um por lá tem sua lenda preferida sobre a origem do nome. Quase todas incluem esses elementos: sendo perseguido, o escravo Inácio se jogou do morro com um guarda-chuva na mão. Quem enxerga o copo meio cheio, conta que o objeto amenizou a queda e Inácio sobreviveu. Quem vê o copo meio vazio, então, diz que o nome honra o escravo morto na fuga.
Outra das atrações nos arredores de Lençóis tem aparecido diariamente em rede nacional nas televisões, na abertura da novela das 19h, “Além do horizonte”. O paredão de rochas sedimentares pálidas encobre a Gruta da Pratinha, onde vem à superfície um rio de águas transparentes e geladas. Tudo faz parte da Fazenda Pratinha, de propriedade privada. Os administradores cobram uma taxa de R$ 20 de entrada. A infraestrutura convence muitos turistas a passar um dia de Chapada mais tranquilo. No entanto, os viciados em adrenalina também têm o que fazer por lá: uma tirolesa (R$ 10) derruba os visitantes de uma altura de 85 metros direto no rio. De caiaque, é possível explorar melhor o rio (R$ 15).
Mergulhadores profissionais da fazenda levam por um passeio marcante por dentro da gruta da Pratinha (R$ 20). De snorkel, nadadeiras e lanternas, seguimos os guias gruta adentro. Em alguns trechos, basta erguer a mão para alcançar o teto - o que não é indicado, considerando a quantidade de morcegos que vivem ali. Melhor focar no que está abaixo: o solo é muito branco e parece areia. Mas, na verdade, é composto de milhares de búzios minúsculos.
Nadamos cerca de quinze minutos por apenas 170 metros até um dos trechos mais profundos da gruta, sem ver tantos animais no caminho. Ali, um dos mergulhadores mostra a fenda que conecta a Pratinha à Gruta Azul. Reservando com antecedência, mergulhadores certificados podem fazer o trajeto pela água até o outro cartão-postal da fazenda. Na volta do passeio de snorkel, visitantes observam mais peixes coloridos e corais num trecho reservado do rio.
Até a Gruta Azul, não é preciso ir pela água. A atração fica a poucos metros do estacionamento da fazenda. Uma escada garante o acesso na descida íngreme, coberta pela copa das árvores. Por conta dessas condições, só dá para clicar a cor safira em momentos específicos: o período entre abril e setembro é o melhor do ano. E, sempre, a visibilidade é melhor após as 15h. Fora de época e horário, a visão melhora nos cantos.
A 86 km de Lençóis, uma rocha cheia de arestas no centro do Poço Azul, dá um aspecto mais selvagem a essa gruta. O horário vespertino ressalta os tons azuis da atração, escondida pela copa das árvores. O acesso é assegurado por uma escadaria de madeira. No deque, é possível alugar por R$ 15 o snorkel e salva-vidas obrigatórios para a flutuação. É proibido mergulhar para não tumultuar o espelho d’água. Em 2005, a gruta virou notícia após uma expedição científica encontrar, a 15 metros de profundidade, fósseis de preguiças gigantes e outras espécies.
Serviço
Morro do Pai Inácio: Na altura do 231 KM, BR- 242. Taxa de visitação opcional.
Pratinha: Acesso pela estrada para Iraquara, BA-242, 70 KM. Entrada: R$ 15. Tel. (75) 3625-0879.
Poço Azul: O caminho passa por estradas de fazendas, então, melhor ir com guia. Entrada: R$ 15.
Fernanda Dutra viajou a convite da Bahiatursa com apoio da Sec. de Turismo de Lençóis e da Azul Viagens


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